O MOVIMENTO DO RIO ESTÁ UNIDO... QUEM NÃO ESTÁ, É APENAS FORA DO EIXO - MÍDIA NINJA (ou sobre contra-ataques que mencionam rachas e xenofobias) Ontem à noite fui à uma reunião na Cinelândia que eu acreditava ser dos movimentos do Rio que estão nas ruas e da qual o pessoal do Mídia Ninja (M.N.) tinha pedido a palavra para tentar lançar um movimento-produto para a Copa do Mundo. Mas não foi uma coisa nem outra. Não era uma reunião com o pessoal atuante do Rio. Estou nas ruas bem antes de junho e, para a minha surpresa, eu não identificava ali nenhuma pessoa que estivesse nas ruas ou em ocupações. Só tinha o pessoal da M.N., do Fora do Eixo (F.D.E.) e uma claque risível que aplaudia apenas os discursos que iam de acordo com a proposta deles da criação de uma “República” alternativa na Cinelândia... Quem nesta altura do campeonato no Brasil acredita em República? Ou mesmo, ingenuamente, utilizar este nome tão pesado e antiquado para fazer uma “provocação”, como eles justificaram o tempo todo? Como tenho acompanhado de perto, desde junho do ano passado, os movimentos como midia-ativista, fotógrafa, mulher, cidadã e, com isso, ser cunhada de vândala pelo Estado, presenciei a chegada sorrateira da M.N. no Rio. Durante estes 11 meses, eu, que sei muito bem de que lado estou, por não fazer parte de nenhum partido, de nenhum movimento em especial e de nenhum coletivo, posso dizer que estou do lado do mais fraco, sempre. Quem me conhece sabe muito bem disso... e durante todo este período eu sempre bati de frente em algum momento com os seguidores do F.D.E. por aqui. Fosse em protestos, greves, ocupações, atos... eles sempre vinham com um discurso estranhamente neutralizador das pautas. E eu os questionei sempre, eles sabem disso. Bem, voltando ao que presenciei hoje, não passou mais do que uma reunião interna deles em praça pública, com direito à claque, impondo, como sempre, um produto já friamente calculado e esmiuçado por trás dos panos... me explico: Eles chegaram “propondo” o nome/marca de "República Autônoma”. Quem questionou o nome/marca, tinha que ouvir 3 pessoas fechadas com eles, todos em sequência, justificando a “provocação” do nome/marca (o argumento foi só este do começo ao fim). No final eles se renderam e cederam à criação de um GT só para definir o nome/marca... mas será que pela resistência deles, este nome/marca já não estava registrado em algum cartório? Será que, como sempre, eles já não tinham todos os flyers e memes prontos com o tal nome/marca? (estou especulando apenas, por experiências anteriores...) Questionados sobre as atas que criaram a tal proposta a ser realizada ali no coração do Rio, disseram que já haviam feito 5 reuniões! Pasmem, reuniões estas “internas", realizadas em Santa Teresa, das quais apenas simpatizantes eram convidados. Tendo em vista estes pré-encontros fechados, fica muito claro que não começou horizontal, aberto, disposto ao diálogo e mais uma vez e como sempre repito: começou entre eles, internamente, com objetivos políticos bem definidos e articulados. E o resultado foi este: uma imposição e cagação de regras em praça pública, na qual qualquer pessoa que se colocava contra, era grosseiramente cortada pela claque ali presente. E olha que éramos só umas 3, contando comigo. Afinal, os demais “do contra” não foram notificados deste encontro. Bem, o que ouvi ao longo da noite foi um discurso neutro e vazio, como o de qualquer político que quer agradar a gregos e troianos, com a insuportável repetição de jargões utilizados por eles como “mimético”, “disputa”, “horizontalidade”, “somando esforços”, "utopias” e “narrativas", sendo este último o mais risível de todos, como se Herodes e demais autores e atores da vida (incluindo eu e você), já não se utilizassem da tal narrativa há milênios... (bem, eles devem ter ouvido falar deste termo recentemente e ainda estão deslumbradíssimos com esta descoberta). Mas o ponto alto foi o Capilé sugerindo uma data para o “fim” da República... tive que rir. Como uma ocupação, por mais que pretenda ser apenas ”provocativa”, neste momento pelo qual estamos passando aqui no Rio, se propõe a ter um “fim definido"? Bem, apenas posso dizer que o Capilé nunca participou de uma ocupação por aqui, assim como não o vi uma vez sequer em manifestações aqui do Rio (salvo o Grito da Liberdade, que foi totalmente neutralizado por eles). O segundo ponto mais alto foi eles terem acusado uma pessoa que ocupou a Cinelândia por meses de ser P2 ali... apenas por ela ter questionado a possibilidade de haver uma ocupação naquele espaço, visto que o Ocupa Câmara, da qual ela fazia parte, foi violentamente removido baseado na legislação vigente. Por este episódio, ficou claro ali que eles são apenas aquelas pessoas que chegam atrasadas e já querem sentar na janela (e com muita arrogância). Eles, por total ignorância e desconhecimento de causa, simplesmente destrataram uma das pessoas mais atuantes e conhecidas na luta e resistência das ruas do Rio... foi um mico gigantesco. E qdo nos posicionamos questionando que tipo de autoridade um grupo que vem de fora tem pra cagar regra assim grosseiramente, somos ridiculamente acusados de xenofobia e de rachar o movimento (nessa hora eu ri de novo). Tudo muito podre, tudo muito nebuloso... e o problema maior está aí! Se eles ao menos assumissem que são um novo modelo horizontal de frente jovem partidária (do PT, no caso) e convocassem neste sentido, seria mais honesto. Seria abertamente politiqueiro e acabaria com metade dos rumores e implicâncias que existem em relação à eles, minhas, inclusive... Porém, como as manifestações de junho trouxeram exatamente a crise da representatividade, eles se viram numa sinuca de bico: "E agora? Como vamos assumir que somos ligados ao raio do PT numa cidade que tem se colocado contra o Estado que massacra a população toda vez que bota os pés nas ruas para protestar para o que quer que seja?" Assim sendo, que ninguém se assuste se durante ou depois da Copa eles vierem com a bandeira do PT, apoiando o Lindberg e a Dilma (via Lula). Qual o problema de assumir? Será porque o PT está queimado? Enfim, o Rio está rumando para a Copa do Mundo e tem muita gente que vai para as RUAS se manifestar e se posicionar contra as arbitrariedades da FIFA e do Estado (PT + PMDB) do jeito que der. Mas quem quiser tirar umas férias e descansar, sugiro que compareça a esta Colônia de Férias do Fora do Eixo fixa ali na Cinelândia que vai ser bem tranquilinha, alienante e Fora do Contexto carioca. Essa, garanto, vai ser bem chapa branca. E aos que me chamam de radical, eu respondo: sou apenas honesta e digo o que penso, com transparência. retirado de https://www.facebook.com/paulakossatz/posts/10202772417685130 em 16 de maio de 2014