"Então, amigos, espero que este seja o último texto que escrevemos sobre o debate envolvendo o FdE. A pedido de amigos, demos uma abordagem do processo musical. Leiam, e se gostarem, divulguem. Fora do Eixo, em busca de um “novo ramo” por Fernando Rosa É preciso desmascarar o Fora do Eixo em sua canhestra tentativa de desviar o debate sobre seus fracassos editoriais no terreno musical e os conseqüentes prejuízos que causaram à cultura brasileira nos últimos anos, em especial à cena musical independente. O debate quando do “racha” da Abrafin já evidenciava um alto grau de descontentamento de grande parte da cena independente com seus métodos de atuação e falsos resultados obtidos, quando comparados com o volume de recursos aos quais tinham acesso. Naquele momento, alertamos para o fato de que o debate não podia restringir-se ao tema dos “cachês”, mas que se deveria avançar para o enfrentamento de uma crescente, e alheia ao mundo independente, lógica hegemonista por parte do FdE. No período anterior a esse debate, vários produtores independentes já identificavam que o FdE havia secundarizado a produção musical e seus líderes tentavam encontrar e/ou construir outra frente de atuação. Essa reorientação de objetivos verifica-se mais acentuadamente a partir de meados de 2007, quando Pablo Santiago Capilé Mendes, torna-se “fellow” (parceiro) da ONG Ashoka, função contemplada com uma bolsa por, pelo menos, três anos, e outras formas de apoio pessoal ou aos grupos originários dos selecionados. Uma das iniciativas em que mais investiram foi a tentativa de impor sua hegemonia empresarial sobre o “capital” cultural/musical acumulado até então, por meio de uma frustrada mega-produtora de compra e venda de shows, que atuaria na cena independente. Um passo seguinte foi a investida nos países latinoamericanos, em especial na América Central e na Bolívia, país sede da ONG Hivos, cujo representante na América do Sul saiu em socorro do FdD, quando eclodiu a enxurrada de depoimentos contra o coletivo. É nesse contexto que também avança a política de “assinatura” dos eventos Grito Rock, em sua maioria realizados com recursos dos próprios países, sem qualquer participação do FdE, o que terminou por gerar indisposição com a maioria dos produtores. Sem um trabalho de integração e de contrapartidas efetivas com as diferentes regiões, e com sua prática definida com a recorrente expressão “baja política y sin contenidos”, o FdE colheu criticas abertas dos principais produtores e pensadores da cultura latina. A soma de fracassos acumulados pelo Fora do Eixo inclui, inicialmente, a falência de festivais como Calango (Cuaibá), Varadouro (Rio Branco) e Jambolada (Uberlândia), três dos principais eventos de sua “produtora” musical. Também demonstrações da incapacidade do FdE de lidar com produção de conteúdo ou informação consistente são o site/blog Nagulha, que não prosperou, por várias razões, e a plataforma de lançamentos virtuais Compacto.rec, que teve o mesmo fim. Ao mesmo tempo, sua plataforma de circulação de bandas mostrou-se inconsistente, incapaz de atrair artistas de maior porte, em virtude das más condições oferecidas em todos os aspectos, de qualidade técnica e de afluência de público. Talvez o exemplo mais dramático dessa troca da música pela “política” tenha sido o temporário, assim esperamos, comprometimento da carreira da banda Macaco Bong, um dos mais expoentes da nova geração da música brasileira, nascida em Cuaibá. Hoje, tendo à frente o guitarrista Bruno Kayapy, o projeto-símbolo do Fora do Eixo foi abalroado em sua trajetória pela nova lógica de atuação do coletivo, que terminou por destroçar a banda em seu momento mais interessante. Ainda mais simbólico da traição ao espírito do “artista igual pedreiro”, que definia a banda, é a tentativa de apropriarem-se da marca “Macaco Bong”, situação sugerida pela dificuldade em conceder os originais de um DVD ao guitarrista, que denunciou o fato em seu perfil do Facebook. Isso posto, segue-se então a última aventura da política “empreendendorista” no mundo do “precariado cognitivo”, perseguindo um novo “sucesso” segundo os preceitos neo-hippies-capitalistas aprendidos junto ao mix Ashoka-Ivana Bentes-Cláudio Prado. Buscando desviar do passivo de fracassos culturais e dos efeitos de suas ações agressivas e hegemonistas, apostam em “mudar de ramo”, talvez instigados por um possível investimento do BNDES em mídias alternativas. Assim como na música independente, em que os verdadeiros artistas e produtores mantém vivo o processo de criação e produção, caberá aos jornalistas enfrentar os oligopólios da mídia, sem cair no desvio de falsos atalhos." Retirado de https://www.facebook.com/mauricio.alves.524/posts/458199040953896 em 21 de agosto de 2013