Fora do Eixo - A ideologia disfarçada Hoje pela manhã, abri o meu facebook e li o discurso brilhantemente lúcido da Beatriz Seigner. E me veio uma vontade e uma corajem para desabafar e tentar assim como ela mostrar às outras pessoas o que realmente acontece no ambiente dos chamados Fora do Eixo, que não quero chamar de organização pois já adianto que esta não é uma simples organização de pessoas interessadas em compactuar com a expansão de idéias e impulsionar a criativade dos artistas, e sim de gerar uma cadeia fechada alimentada por recursos governamentais, privados e etc. O Fora do Eixo em Recife Como algumas pessoas sabem existiu durante cerca de três a quatro anos se não estou errando as contas um espaço que surgiu na Rua do Lima, do qual participei, com a proposta de abrir as portas para os artistas visuais, músicos, dj's , performers, fotógrafos, enfim, que buscavam trocar idéias, e expor a sua obra. Como o espaço era organizado também por dois artistas obviamente que nosso senso crítico sobre a construção daquele modelo estava sempre em questionamento, aprofundamento e mudanças. Esse espaço que já existia antes na rua da Aurora e que surgiu novamente na rua do lima com sede própria foi totalmente financiado com recursos do nosso bolso. Conseguimos aprovar no SIC Sistema de Incentivo à Cultura uma verba para realizarmos o Futuríveis II ed. Festival de Arte e Tecnologia. E como estávamos participando do festival como artistas investimos todo o nosso cachê na reforma da casa e conseguimos inaugurar o espaço em 2009. Com o passar do tempo, o espaço mantinha suas atividades com shows, lançamentos de livros, performances, e um certo dia o pessoal do Fora do Eixo em Recife entrou em contato conosco, a intenção deles era utilizar o espaço para a realização do encontro dos coletivos da regional NE. A partir desta reunião fomos convidados a participar como colaboradores afinal tínhamos um espaço aberto para as bandas. E começamos a trabalhar juntos, a partir do texto de Beatriz S. me senti completamente representada, pois o que observava naqueles jovens era uma intensa necessidade de ocupar territórios, e a veiculação midiática dos projetos realizados. Eles passavam a maior parte do tempo enfurnados em reuniões via skype ou facebook, atualizando emails e blogs. E articulando novas estratégias para captação de recursos junto aos editais e empresas privadas. O trabalho começou a ser feito de forma "colaborativa" dispensamos a necessidade de manter funcionários e o serviço passaria a ser feito pelas pessoas que faziam parte do FDE. Pois é, não deu certo, inúmeras vezes não contamos com a tal colaboração. E as bandas que participavam daquele formato nunca recebiam cachê e o dinheiro da bilheteria ficava guardado com o responsável pelo coletivo aqui em Recife. O discurso deles também me espantava eles queriam que uma banda gospel de metal que viria do Acre que viria realizar um show em Recife, tivesse uma data reservada no nosso fim de semana e faríamos cartazes, divulgaríamos na internet, e daríamos toda a bola que a banda precisasse, tudo porque o pensamento deles é gerar número de movimentação de bandas e gerar a tal articulação dos estados. Expliquei para eles que politicamente e artisticamente eu achava que aquele formato de arte não condizia com as nossas expectativas sobre arte e comportamento cultural, social, e o escanbal. Minha opnião foi altamente criticada pelos "fixos" do coletivo FDE, e eles vieram com aquele papo medíocre novamente, todo mundo pode ser artista, todo mundo faz arte. E então foi aí que eu percebi a cratera que estava aberta na politica cultural de jovens que estavam dominando as correntes de mobilidade, a mídia na web, e o cenário musical. Fiquei bastante confusa na época. E relamente, eles não frequentam outras manifestações culturais, e e formas de movimentação artísticas que não estejam participando do seu ciclo e portanto preso a sua redoma de trabalho colaborativo, que pode se traduzir em trabalho escravo moderno como apresentado pela Beatriz. Sempre contestamos o fato das bandas não receberem cachês, e nunca recebemos de fato nossa moedas de trocas. As bandas que se privilegiavam e participavam dos festivais movimentados pela rede em todo país tinham recursos financeiros, carro para viajar, e as vezes até estúdio próprio, ou seja, podiam ser melhor aproveitados pelo FDE e portanto recebiam benefícios como concessão para tocar nos festivais e ainda assim sem cachê. Nós também tínhamos uma banda e era muito claro a forma maniqueísta da organização, você tinha que esquecer a sua identidade e começar a pensar com um FDE, não adiantava o quanto colaborasse, claro a rede não podia sofrer nenhum questionamento (olha o quanto isso é perigoso). Nosso rompimento aconteceu em uma noite badalada onde tivemos um grande público, ao finalizar a noite a bilheteria deu bastante dinheiro, e perguntamos como seria aquela repartição, claramente o líder do grupo disse que aquele dinheiro não pertencia a nínguem mas que ficaria sobre o comando deles. Nós exijíamos o pagamento dos cachês, e quando tocamos no assunto eles disseram que se penssavamos assim, estavamos nos tornando uma casa de shows comum, que não tinha nenhuma responsabilidade com a demanda cultural da cidadade. Foi aí que tive um lapso de raiva, tristeza, e dor muita dor. Porque vi, como pessoas tão supostamente revestidas com um discurso cheio de frases de efeito pode te fazer mal, pessoas sem índole. E dentre outras situaçōes que o espaço serviu para essas pessoas nada foi levado em conta , e ainda eles sempre apresentavam o espaço como se fosse deles, tomando sempre a frente em relação aos projetos que críavamos e até ao passado histórico do que era o espaço até então. A nossa decisão de romper com o coletivo FDE foi extramamente política, lúcida, e artística. Não é todo mundo que faz arte, arte é uma parada difícil pra caralho de ser realizada, mantida, e elaborada. Merda , produção de baixa qualidade, aí sim, qualquer um faz. Não podemos colocar tudo no mesmo patamar, o FDE prega a falta de censo crítico, a exclusão dos artistas que são contrários as idéias do estatuto que o rege, porque sim, existe um estatuto com regras a serem seguidas. Alguns meses se passaram e fomos nos cadastrar no site "Toque no Brasil" eu já desconfiava que o FDE esteva manipulando também essa plataforma, e cerca de um dia depois eu recebo por email um recado do então lider do coletivo de Recife, informando que aquela plataforma é monitorada (nesse nível) pelo FDE só para agente ficar ciente. Pois é! Eu me assustei de novo, mas em terreno de farpas eu me cubro com mel como todo artista que se importa não apenas com a sua trajetória mas de praticar a sua arte em tudo que pulsa na vida, eu também estou aqui para relatar este fato, e dizer que o FDE é um GRANDE EQUÎVOCO IDEOLÓGICO, e para ser mais clara, a ditadura também o foi. Em uma democracia como a nossa não pode existir FDE. Retirado de https://www.facebook.com/speakenglishI/posts/4609347650109 em 8 de agosto de 2013 ++++ ISABELLE GUSMÃO (16 de agosto de 2013) "O que muita gente ainda não entendeu, é que não é do nada que surgiram as denúncias contra o Fora do Eixo, e não é do NADA, que elas ainda estão repercutindo porque há sim necessidade de quebra desse sistema, ele é corrompido e possui práticas anti-democráticas (exclusivistas). O que as pessoas precisam entender, é que não são casos isolados de insatisfação, só a carta de denúncia da Beatriz Seigner, tem mais de 2.000 visitantes e manifestações em apoio à sua declaração, fora o de tantos outros que conheceram de perto a rede. São relatos de quem experimentou, e teve auto-crítica e foi forte o suficiente para não se corromper, como artista, pessoa, produtor cultural etc. Ou de quem se deixou levar pela retórica do Capilé, e depois de anos entendeu o que realmente aquela prática significava. Enfim, é fácil, é só perceber que o que está em questão não são boatos e sim DENÚNCIAS, já que não tem como virar caso de polícia, porque a REDE FDE NÃO POSSUI CNPJ, o único meio que temos de quebrar e acabar com esse sistema é por meio da mídia e das redes de comunicação." Retirado de https://www.facebook.com/speakenglishI/posts/4650395076269 em 16 de agosto de 2013