Gostaria fazer referência a duas postagens recentes: 1) a chamada que fez Marcus Vinícius Faustini a não demonizar FDE, e 2) o depoimento do Marcus Vincícius Franchi respeito a sua experiência com projetos com FDE e com o núcleo duro de FDE, sobretudo Pablo Capilé. Em relação à primeira postagem, eu respondi muito brevemente dizendo que deve-se diferenciar entre demonizações e críticas legítimas, e acrescentei que eu não participei de demonzação, pois nunca me referi disrespeituosamente a ninguém nas minhas postagens. Tentei narrar situações e ações sem usar adjetivos satainzadores. Na crítica construtiva, a satanização é contra-produtiva. Mas eu fui satanizado: p.ex. o Marcelo das Histórias mandou uma mensagem dizendo que eu so “vampiro dos movimentos sociais.” Antes de comentar duas coisas da postagem do Faustini, devo dizer que eu admiro e respeito ele muito. Venho acompanhando de longe o trabalho dele em várias instâncias, como ativista e como artista. E não só ele. A pesar das diferenças respeito a FDE, eu cito a Ivana Bentes em vários escritos, só para mencionar uma pessoa próxima do FDE, porque acho coincidências em certos objetivos culturais e sociais. Pois bem, pode-se discordar de pessoas que a gente admira e respeita. Em relação à postagem do Faustini, eu acho que a observação de que as muitas críticas que apareceram nos últimos dias constituem uma demonização é um exagero. Ele diz: “Entretanto, o que está acontecendo agora não é crítica, é demonização.” Essa frase não entra em diferenças, mas é difícil para mim acreditar que o Faustini se refere a TODAS as críticas dos últimos dias. Se for assim, eu teria que me incluir nesse jogo de demonização. Mas não. Eu já disse em outras postagens como eu comecei a admirar o trabalho do FDE e também porquê entrei em diferenças. Eu não desqualificaria as seguintes postagens – e muitas outras - às que faço referência agora: As postagens de Beatriz Seigner e Laís Bellini e muitas outras provêm dos problemas que FDE causou para elas. Outras postagens procuram ser mais analíticas, como por exemplo as de André Azevedo de Fonseca, Shannon Garland e “No Fora do Eixo a imagem é mais importante. É mais importante parecer do que ser de fato,” do Anônimo. Eu compartilho motivos de ambos grupos: com relação ao primeiro, sinto que houve uma manipulação por parte da cúpula de FDE e aliados para excluir os grupos com os quais mais colaborei no processo que desembocou na rede de redes JUNTXS; com relação aos postadores mais analíticos acho que compartilho o interesse em compreender como opera FDE, fenômeno interessante por muita razões. Acho que o Marcus Franchi também compartilha ambos motivos na sua postagem. Por isso acredito que o Faustina exagera – e o digo com o maior respeito – quando escreve: “Esse é o motivo da demonização, o tamanho que a fde virou, a sua força, a sua capacidade de realização.” Para mim, pelo menos, não é o tamanho mas alguns dos meios para – e aqui a frase pode ter vários complementos: para crescer, para se articular com outros grupos afins, para alcançar uma ressonância nos modos em que opera o setor cultural ,etc. Eu compartilho totalmente esse último objetivo, o que se verifica na carta que mandei à diretora do escritório de Hivos para incluir FDE no processo que resultou em Proyecto Rio e agora JUNTXS. Em outra oportunidade também poderiamos debater a visão do que é reformar ou transformar o setor cultural, mas posso dizer que para mim isso implica uma ampla transformação social e não só uma mudança na operacionalidade do setor artístico ou a política cultural atual. Mas repito: são os meios para avançar a esse objetivo que para mim são os motivos das minhas críticas. Passo agora a comentar, brevemente, a postagem do outro Marcus, o Franchi, quem colaborou com FDE 2 anos, em projetos muito interessantes de adaptação/hack e aplicação dos APLs aos coletivos culturais para “criar arranjos produtivos locais de base comunitária.” Conheci o Franchi no Congresso FDE em SP em dezembro de 2011 e logo conversei longas horas com ele sobre as ações necessárias para fortalecer os coletivos de base comunitária. Também visitamos um deles em Brasília. A minha esposa Sylvie também facilitou convites para ele viesse a América Central para compartilar as suas competências entre os grupos comunitários aqui. Depois desses 2 anos de colaboração Franchi recebe desqualificações quando decide já não mais colaborar com FDE: Eis aqui o que diz: “Quando decido não estar mais no processo, imaginava que (por mais difícil que tivesse sido nossa relação), poderíamos comemorar algumas coisas....mas para minha surpresa, depois que mandei a mensagem para o Pablo dizendo que não estava mais disposto a seguir, o núcleo duro veio pra cima desqualificando tudo que tínhamos construído, aí não entendi nada, aí não entendi nada......há uma dificuldade de receberem o não...talvez porque não tinham desenvolvido os “aplicativos de saída”????” Ele faz muitas perguntas em relação as operações do FDE e recomendações que podriam adotar no FDE e logo finaliza a sua postagem com duas observações importantes, que na verdade tratam do mesmo problema: os meios para conseguir os fins, mas também a diferença entre o discurso/retórica da cúpula e que fazem na realidade. Segundo as observações do Franchi, esse “fim que justificao os meios” ja vinha de la cúpula cuiabense: “o problema pode ser o centralismo e práticas cubistas cuiabanas que não foram ressignificadas com a expansão ..... esse é meu ponto!!!!” Logo elabora essa diferença entre retórica e ação: “Por fim destaco a mais nova das ciências: ciência das redes....há muito que entendermos e significarmos isso... sem pré conceito vamos para os pós conceito? Rsrsrs!! Esse prefixo pós tb está gasto pacas....esse pós é qualquer coisa entre aquilo que já morreu e aquilo que ainda não nasceu....é um tempo espaço transitório de pós tudo.... propício para os sofistas....os sofistas não dialogam, discutem, vale a coerência e não o que se fala...é a busca retardado e cínica pela aparente coerência da narrativa e a realidade interessa menos....e discussão é uma palavra que vem do latim .... e significa cortar o pescoço do outro com um disco...” Para concluir, quero repetir que eu compartilho muitos dos objetivos que se declaram nos discursos de FDE, também a articulação com outros grupos e indivíduos que procuram uma transformação social (e não só do setor artístico/cultural). Mas essas coincidências não justificariam calar a boca. Retirado de https://www.facebook.com/george.yudice/posts/10201661506641515 em 13 de agosto de 2013