Ler os relatos de gente de dentro e de gente saída do Fora do Eixo me ajudou muito a entender os pontos que realmente me tiram do sério em relação à história toda: 1) a condição das mulheres dentro da rede, 2) a truculência política como método, 3) o debate empobrecido sobre transparência. 2 cents: transparência não é publicar planilha de orçamento na internet. Tenho visto o FdE usar bastante esse termo na rede ultimamente, e sinceramente não saco muito o jeito que isso está sendo discutido. A gente briga com governos pra entenderem isso há tanto tempo, é no mínimo um desserviço público reduzir a discussão a esse nível. Transparência é justamente o que está acontecendo na rede agora agora: um processo de narrativas múltiplas sobre qualquer coisa, e não de fechamento de uma única posição, uma única história, como tantas vezes eu vi o próprio FdE defender. É as pessoas não terem medo de represália (oi? valendo? olha a truculência ai!) porque estão rediscutindo o movimento do qual elas fazem/fizeram parte na internet. É permitir e incentivar que essas muitas narrativas existam. Deixar que exponham as falhas e os problemas pro mundo. Se assumir em uma posição de não saber as respostas. Pensar junto, em voz alta (e não na véspera da reunião, pra chegar com posição fechada). Transparência não é só a gente poder ver os fins (e os custos). É os fins não serem usados como desculpa pra justificar meios obscuros e confusos. É mudar o mundo sim, mas sem se doer tanto quando te perguntam como você está fazendo isso. É todo mundo poder falar. E todo mundo poder saber como funciona o processo. Antes do contrato ser assinado, preferencialmente. Do fundo do coração de quem vive em coletivo há 4 anos e sabe que não é moleza - e que a gente se esforça, mas que a gente erra, e muito: o FdE não é uma rede transparente. Se quiser ser, vai ter que avançar muito, mas muito além dessa roda viva. Vai por mim. Retirado https://www.facebook.com/danielabsilva/posts/10103455129584490 de em 9 de agosto de 2013